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Retomada no encerramento da Mostra de Teatro e Circo do SESC Santo Amaro – Recife

A performanceRetomada”, do Totem,  fez sua estreia em maio passado, no “Trema! Festival de Teatro”, passando depois pelo Cirkula/IRB, pela Mostra Outubro ou Nada de Teatro Alternativo, pela Mostra A Porta Aberta. Neste sábado 1 de abril Retomada volta à cena em sua primeira apresentação de 2017 na Mostra de Teatro e Circo do SESC Santo Amaro, fechando a referida Mostra às 19:30 no Teatro Marco Camarotti.

Retomada” é fruto da Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, que possibilitou residências artísticas junto aos povos kapinawá, xukuru e pankararu, que o Totem mergulhou nos rituais, alicerçando, dilatando e aprofundando seu saber e fazer artístico. Possibilitando a busca de uma experiência estética transcendente, com uma cena ampliada com corpos vivos de pulsões e fluxos.

“Retomada” nos fala das vozes que fortemente persistem ecoando sobre a terra arrasada. Nela o Totem corporifica a sacralidade das terras indígenas, sentida no ato ritual e na reverência de espírito aguerrido que tem seu povo pela sua terra. O espaço sagrado pelo qual se luta, é o mote desse trabalho, uma ode à mãe geradora e mantenedora de tudo. A cena ritual criado pelo grupo, não representa ou reproduz rituais vividos nas aldeias, através do teatro performático, característico de sua poética, o Totem manifesta sua identificação com o sentimento de resistência. Sendo este um ato ritual único, onde os corpos entoam a força coletiva e invocam as vozes silenciadas nas páginas do tempo. Uma encenação que simboliza a alma coletiva,
o sentido de pertencimento e o direito ao bem comum. Integrando assim o público ao ritual, à consagração das conquistas, à vida dedicada à paisagem real e imaginária, onde se encontram os saberes originários. A energia da atmosfera sagrada se faz presente, formando um corpo expandido entre o físico, o sonoro, o espaço circundante e a metafísica, uma obra cosmológica, trazida à cena contemporânea através do contato com forças ancestrais.

O trabalho conta com trilha sonora original executada por Fred Nascimento na percussão, Cauê Nascimento na Guitarra e Gustavo Vilar no pífano e nos maracás, numa sonoridade que funde elementos da musicalidade indígena com as possibilidades contemporâneas. O trabalho de voz e corpo, durante o período da pesquisa, foi orientado pelo dançarino/performer e músico Conrado Falbo, posteriormente o trabalho de preparação vocal ficou a cargo de Thiago Neves. A pesquisa e execução da pintura corporal é do artista plástico Airton Cardin. O desenho de luz de Natalie Revoredo e a projeção do VJ Bio Quirino possuem papel essencial na atmosfera criada, capaz de envolver e o público no ritual que constitui o espetáculo, convocando-o à energia do coletivo. Em cena Lau Veríssimo, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Gabi Cabral, Juliana Nardin e Taína Veríssimo. Fred Nascimento assina a direção geral do espetáculo.