No primeiro dia foi exibido o filme “Factotum”, de Bent Hamer. Na sexta-feia seguinte “Barfly” (1987) de Barbet Schroder, com argumento escrito pelo próprio Bukowski. E na última semana, “Crônicas de um Amor Louco”, de Marco Ferreri.
Performances:
“Bluebird” – Priorizou o trabalho corporal, o movimento. Finalizando com um debate com Liana Gesteira (RecorDança) e Fred Nascimento (Totem).
Inaê Veríssimo e Gabriela Cabral
“Estranha Desordem no Coração da Noite” – Foco sonoro, com experimentações atonais, a cargo de Mário Sérgio e Fred Nascimento. Fechou a noite com as considerações de Eduardo Sousa, artista plástico e designer de exposições.
Lau Veríssimo e Felipe Lucena.
“O Amor é um Cão dos Diabos” – Uma experiência do Totem envolvendo vídeo e performance ao vivo. Com cenas em vídeo construídas a partir de idéias desenvolvidas nos laboratórios do Totem e com as gravações sob a batuta de Irma Brown. O debate da noite foi com Alexandre Figueirôa (jornalista, professor e crítico de cinema) e Vavá Paulino (ator/performer, diretor e autor teatral).
A obra do Velho Buk é ácida e afiada, voltada para a crítica ao moralismo e puritanismo norte-americano e para o universo dos excluídos daquele modelo “perfeito” de sociedade. É justamente a obra poética de Bukowski, a sua face mais desconhecida no Brasil, que o Totem está mergulhado, buscando “pescar” elementos possíveis de redenção no ordinário ou trivial. É justamente na poesia que o poeta assumidamente niilista revela contornos mais humanistas na sua poética. Uma poesia que te permite “atravessar as ruas da morte”. Poesia que às vezes pode “emoldurar a agonia e pendurá-la na parede”. Uma poesia inesperada como a “faca de um mendigo”. O Totem está descortinando um Bukowski diferente daquele das comunidades do Orkut em que se enfatiza apenas o que virou clichê de peitos e bundas, o que pode ter desapontado as pessoas que fazem uma leitura rasa da obra de Bukowski. Temas como a solidão, o isolamento, o ceticismo, o cinismo a crítica social estiveram e continuarão presentes nas performances do Totem, com uma boa dose de ironia e loucura.