O espetáculo “Retomada”, realizado pelo Grupo Totem, é fruto da pesquisa “Rito Ancestral Corpo Contemporâneo” vivenciada pelo grupo em 2015/2016, com o incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo a Cultura – Funcultura. Em busca de fortalecer sua linguagem cênica ritual, na pesquisa citada, o Totem se debruçou sobre os rituais dos Povos indígenas de Pernambuco, Pankararu, Xukuru e Kapinawá, partilhando de seus ritos, saberes e visão de mundo. As residências com os povos originários, possibilitou o reconhecimento da afirmação da identidade indígena e da manutenção de suas culturas, a perseverança na luta pela terra originárias e pela garantia das terras retomadas, bem como identificando a inter-relação existente entre o mundo material e o espiritual e a comunicação dos viventes com seus ‘encantados’.
“Retomada” nos fala das vozes que fortemente persistem em ecoar sobre a terra arrasada. Com sua poética polifônica, o Totem corporifica a sacralidade das terras indígenas e manifesta sua identificação com o sentimento de resistência dos povos. O corpo contemporâneo do grupo é envolvido na força da ‘alma coletiva’, que séculos de colonização não conseguiu anular e que vem sendo retomada pelos povos, por ter sua vitalidade ancorada na ancestralidade. O espaço sagrado pelo qual se luta, é o mote desse trabalho, uma ode à mãe geradora e mantenedora de tudo. Sendo este um ato ritual único, que simboliza o espírito coletivo, o sentido de pertencimento e o direito ao bem comum. Integrando assim o público ao ritual, à consagração das conquistas e saberes originários. A energia da atmosfera sagrada se faz presente, formando um corpo expandido entre o físico, o sonoro, o espaço circundante e a metafísica, sendo assim uma obra cosmológica.