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Totem na 3ª Mostra Capiba de Teatro

Foto: Uirado

O Totem estréia neste sábado o novíssimo “Sob um Céu de Concreto” encerrando a 3ª Mostra Capiba de Teatro – SESC Casa Amarela, espetáculo livremente baseado na obra poética de Charles Bukowski. Há um tempo o Totem vem estudando a obra do Velho Buk (escritor único, marginal(izado), antiacadêmico, anarquista), e realizando criações desde 2006 quando montou “Como Uma Lua Alta Sobre a Impossibilidade”. Este ano o grupo realizou as performances “Ao Sul de Lugar Nenhum”, “Essa Loucura Roubada”, “Bluebird”, “Estranha Desordem no Coração da Noite” e “O Amor é Um Cão dos Diabos”. “Sob Um Céu de Concreto” de certa forma é a simbiose de todos os trabalhos anteriores.
Os poemas de Bukowski trazem reflexões profundas sobre a vida, o sistema político e social. O Velho Buk está para além dos aspectos mais folclóricos de sua obra – como o sexo e a bebedeira. Há algo de direto no estilo do Bukowski de honestidade, de desapego, algo que fala para a solidão dos que vivem na cidade. Neste trabalho o Totem celebra mais o escritor, o poeta do que o outsider.
A face menos conhecida de Bukowski no Brasil é justamente a de poeta. Desde que se tornou conhecido por aqui, as editoras deram sempre ênfase à produção em prosa do escritor, negligenciando sua poesia. Seu sucesso como poeta na América e na Europa era tamanho que, diz a lenda, o filósofo Jean- Paul Sartre teria dito, nos anos 1970, que Bukowski era “o maior poeta vivo da atualidade”. Para muitos os poemas são muito melhores que a prosa. Ele consegue pegar qualquer fato das ruas, por mais banal ou mundano que seja, como também as noites com seus arquétipos e transformar em arte. Justamente pela sua capacidade em pegar o trivial e transformar em análise humana.

O Totem tomou a obra de Bukowski, feita de palavras, como um pretexto para realizar seu teatro que utiliza pedaços de textos, a fluidez entre as linguagens, a ritualidade. Muitos poemas foram ponto de partida para a criação de partituras corporais, visuais e sonoras. Não há desdobramento de enredo, o grupo procura a criação de estados e composições cênicas. O espetáculo é mostrado como uma sucessão de composições, que envolvem projeções, vídeo (uma experiência de teatro cinema), música atonal (ao vivo) impregnando a cena de energia, e a presença do performer. O espetáculo conta com uma cenografia construída por Eduardo Sousa a partir da instalação Capítulo Um (ligada à idéia de apropriação de objetos), do artista plástico Marcelo Silveira, que Eduardo Sousa resignificou a partir de nova organização no espaço e o diálogo com projeções.

Em cena: Almir Rodrigues, Eloíza Leal, Felipe Lucena, Inaê Veríssimo, Lau Veríssimo Tatiana Pedrosa e Taína Veríssimo. Catarina Brandão assina o desenho de luz, Irma Brown (vídeo) e Eduardo Sousa (cenografia). O trabalho corporal do grupo é de responsabilidade de Lau Veríssimo. Música do guitarrista Mário Sérgio, que faz a direção musical, e Fred Nascimento, coordenador geral do espetáculo.