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Performance e Antropologia

Totem, sobre julho de 2015.
Dando continuidade ao Projeto de
Pesquisa “Rito Ancestral – Corpo Contemporâneo”, aprovado pelo Funcultura, durante
o mês de julho estudamos o livro “Performance e Antropologia de Richard
Schechner”, com organização de Zeca Ligiéro. O estudo deste livro nos levou a
revisitar temas estudados durante a pesquisa “A Performance do Humano: da Pedra
ao Caos” realizada em 2012. Como os conceitos de performance sob o olhar do
antropólogo Victor Turner, agora aliado as ideias de Schechner.
Zeca Ligiéro no texto “Encontrando Richard Schechner”, comenta
sobre o conceito de performance segundo Schener:
“(…) Performance é étnica e intercultural, histórica e
atemporal, estética e ritual, sociológica e política. Performance é um modo de
comportamento, um tipo de abordagem à experiência humana(…)” ( Schechner e
McNamara, 1982).
Ele nos fala, também sobre as duas abordagens elaboradas
por  Schechner para os estudos da
performance: “o leque e a rede”. Zeca Ligiéro esclarece que no ‘leque’
“Performance é um termo
inclusivo. Teatro é  somente um ponto num
continuum que  vai desde as ritualizações
dos animais (incluindo humanos) às performances na vida cotidiana – (…) – e às
apresentações espetaculares”.  (SCHECHNER)
Já a ‘rede’
seria o mesmo sistema, só que mais dinâmico, onde cada ponto interage com
outros. Ela não é uniforme.
“Performances são usualmente
subjuntivas, liminares, perigosas, elas são, com frequência, duplamente
cercadas por convenções e molduras: meios de fazerem os, lugares, os participantes
e os eventos de alguma maneira  seguros.
Nesses limites do fazer-crer, relativamente seguros, as ações podem ser levadas
ao extremo, mesmo por prazer.”(SCHECHNER)
No capitulo Ritual ele
nos fala de ritual, jogo e performance.
Que o ritual pode ser sagrado ou
secular que estão muitas vezes juntos. Que a ideia de sacralidade ordinária é
um tema importante de religiões da Nova Era e de algumas artes da performance.
Que podem ser identificados sete temas-chave para serem
explorados nos estudos da performance:
  1. ritual
    como ações, como performances;
  2. similaridades
    e diferenças de rituais humanos e animais;
  3. rituais
    como performances liminares, tomando posições intermediárias nas
    transições de estágios da vida e de identidades sociais;
  4. o
    processo ritual;
  5. dramas
    sociais;
  6. a
    relação entre ritual e teatro em termos da díade eficácia-entretenimento;
  7. as
    “origens” da performance em ritual, ou não?
 Em suas pesquisas, Schechner
revisitou a estrutura de três fases da ação ritual elaborada por Van Gennep: a
preliminar, a liminar e a pós-liminar. A fase liminar fascinou Turner porque
nela reconheceu uma possibilidade criativa para o ritual, podendo abrir
caminho  para novas situações,
identidades e realidades sociais. (SCHECHNER).
Destacamos que Victor Turner desenvolveu uma teoria de
ritual a partir do pensamento de Van Gennep, que tem grande importância para os
estudos da performance.
O limen, que seria um espaço nem
dentro nem fora, como um portal, ele nos diz que em performances rituais e
estéticas, esse espaço sutil é expandido em um amplo espaço, de forma real, bem
como conceitual.
Para Peter Brook, a maioria dos palcos do mundo são espaços
vazios. Então podemos dizer que: Um espaço de teatro vazio é liminar, aberto
a todos os tipos de possibilidades – espaço que , por meio da performance,
poderia tornar-se qualquer lugar. (SCHECHNER)
O texto fala ainda do conceito de
“liminoide, antiestrutura, communitas e communitas espontânea”.
Ele coloca, também que o ato de
entrar no ‘espaço sagrado’ já traz um impacto sobre os participantes, e que
comportamento especiais são necessários.
O Totem traz esse comportamento ritualístico de penetrar no
espaço, como uma constante e um pilar na sua trajetória. Sempre pensando em
como trazer o público para esse espaço sagrado. E como os performers adentram
neste espaço físico, simbólico, sagrado, no universo criado.
Além do estudo do livro
continuamos com o mapeamento dos rituais dos povos indígenas de Pernambuco.
Fizemos o levantamento de alguns lugares cujo acervo iconográfico e documental
podia nós interessar como o CIMI, o REMDIPE-UFPE, o NEPE-UFPE, a FUNDAJ. A
partir do mapeamento, decidimos por um ritual Pankararu, O Menino do Rancho,
que aconteceria nos dias 15 e 16 de agosto, sendo o mesmo, o primeiro ritual a
ser estudado in loco. Entramos em contato com o Povo Pankararu, na pessoa de
Bia Pankararu, e começamos a organizar a nossa primeira residência/vivência do
projeto.  Cuja experiência será
compartilhada na nossa próxima postagem sobre o projeto.